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Trem-bala

Não é sobre tudo que o seu dinheiro é capaz de comprar;
E sim sobre cada momento, sorriso a se compartilhar…

Este é só um pedacinho da linda música “Trem-Bala“. Óbvio que você tem que parar de ler este texto e ouvir a música agora. Óbvio!

Ouvi pela primeira vez no ano passado. Na verdade, escutei só a melodia… com outra letra.
Meu amigo Pedro Guadalupe fez uma versão genial desta música para o negócio dele, o BhAz, um dos maiores portais de notícias/agência de publicidade de Minas Gerais. Liguei rápido para ele:

– Putzgrilla, Pedro. Que DEMAIS! Que coisa incrível! Quanta criatividade…. Faz um pra mim também?

Para resumir, ele escreveu uma letra maravilhosa usando a melodia da “Trem-Bala” como base. Fez esta música para os clientes que ainda não tinha.
Preste atenção, acho que você não entendeu: exaltou cada um dos seus não-clientes com um vídeo incrível.

Não é de arrepiar receber uma homenagem de uma agência que você ainda NÃO É CLIENTE? Pois é… esse é o Pedro.
Fiquei fascinado pela melodia e só depois entendi que a música era de uma moça chamada Ana Vilela. Quando li a letra original, quase caí para trás. Ela me fez chorar. Era um momento especial.

Uma “pancada” de coisas estavam acontecendo em minha vida.

Na profissional, meu trabalho com palestras sugava 90% do meu dia. Além de pensar no conteúdo e organização da empresa, tinha 10 pessoas trabalhando para mim que também demandavam atenção. Os cursos livres presenciais estavam lotados e precisando do meu olhar. Também encabeçava a organização de um congresso de hipnose no Brasil para mais de 300 pessoas, além de escrever um livro e cuidar de cursos online nas horas vagas. Fora os pepinos diários e imprevistos. Meu quadro de tarefas duplicava a cada 30 dias. Uma vida insana.

Na pessoal, um desastre. Sem tempo de qualidade com minha mulher e meus bichinhos, crises de estresse, noites sem dormir, dores constantes de estômago e meus avós precisando de cuidado e carinho.

Também não é sobre correr contra o tempo pra ter sempre mais;
Porque quando menos se espera, a vida já ficou pra trás…

Esta estrofe destroçou meu coração.

E foi em casa, me trocando – com pressa – para sair, que mostrei a música para a minha mulher. E ouvi o que mereci:

– Rafa, vá visitar seus avós. Logo, eles não estarão mais aqui. E você vai se lembrar do quê? Das reuniões? Dos projetos? Dos negócios?

Putz! É ela quem me dá tapas na cara de realidade; é ela quem me acorda dessa hipnose trabalho-dinheiro-fama-sucesso. É ela quem entende o que é viver de verdade.

E lá no fundo eu sabia que precisava cuidar e estar mais com meus velhinhos. Meu avô, em especial. 91 anos de história e há uns 4 anos reclamando constantemente de fortes dores pelo corpo. Ah, meu avô…

Meu avô é do tipo que todo mundo sonha ter. E eu tive a sorte de ganhar esse presente de Deus.

É daqueles avôs que te ensinam a empinar pipa, jogar peão, fazer cola de farinha. Lembro-me de tantas e tantas vezes que me presenteava com arapucas – como ele dizia – que achava por aí. Desde motor elétrico a corrente de prata encontrada na rua. E eu, nos meus poucos anos, me divertia. Gostava dele de graça… foi um segundo pai.

Sabe aquele avô que só te dá alegrias e te faz “rachar o bico” com suas histórias inventadas? Pois bem… esse era o avô Elias, ou “Vô Issa” pra mim.

Essa música de fundo e as chacoalhadas matinais da Patty me colocavam no chão. Aprendi a fazer visitas inesperadas no meio da tarde, a entrar rapidinho para dar um beijo quando estava por perto. Entendi que ele pedia rapadura só para o neto aparecer por lá. E comecei a aparecer mesmo quando não levava doce.

Sempre me lembro do conselho de um amigo: faça-o rir.

Há 8 dias, fiz uma visita de rotina… fui bater papo sobre a vida e ouvir suas queixas e dores.

E na contramão de suas reclamações, eu perguntava sobre futebol (mesmo sem entender nada disso). E ele, ranzinza, reclamava sobre o time também. E a gente ria juntos. E o tempo voava.

E há 7 dias, o Vô Issa foi dormir e acordou no outro plano.

Porque quando menos se espera, a vida já ficou pra trás…

Agora, são as lembranças e aprendizados que ficam. E os conselhos de um avô tranquilo, brincalhão, amigo e que “não lavava muito o cabelo pra não cair”.

Quantas saudades…

Pois é, a vida é mesmo um trem-bala. E como é bom sacar isso antes do trem passar… uffa… como é bom.

Segura teu filho no colo;
Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui.
Que a vida é trem bala, parceiro;
E a gente é só passageiro prestes a partir…

E foi em outra manhã que recebi outra triste notícia: “Acidente com caminhão desgovernado mata jornalista e criador de site na BR-381”. Meu amigo Pedro tinha partido também. E esse Pedro-Bala passou rápido demais pela nossa vida. Só 32 anos. O Pedro, mineiro como o Vô, que me apresentou a melodia que me chacoalhou para a vida de verdade.

Valeu, Pedro. Valeu, Vô.
Obrigado à Ana Vilela pela trilha sonora e à minha Patty por colocar combustível no meu trem.

E enquanto há trilho, seguimos. Piuí.

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SOBRE
RAFAEL BALTRESCA

Professor e palestrante desde 1999. Formado em Engenharia Eletrônica, iniciou sua carreira dando aulas de cálculo numérico e lógica de programação em escolas especializadas em reforço ao universitário.

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