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BalCast #3 – Feedback

Tempo de leitura: 7,5min

Feedback para mim é um dos comportamentos mais interessantes, porque a gente aprende de algumas poucas formas: podemos aprender olhando para dentro de nós mesmos e analisando o que fizemos, aprendemos analisando o que o outro faz (uma análise externa) e aprendemos também deixando que as outras pessoas analisem o que fizemos, que é o tal do feedback.

No inglês, feed pertence ao verbo to feed que significa alimentar; back, traduzindo para o português, significa para trás. Então, feedback seria uma retroalimentação, alimentar de volta. Quando fiz engenharia, a gente usava muito esse termo como uma retroalimentação. Funciona mais ou menos como o ar-condicionado de sua casa: ele tem uma resposta do ambiente, que está 27°C, joga o ar frio, lê novamente as informações do ambiente para descobrir qual é a nova temperatura e vai ajustando até atingir uma mais adequada.

Esse exemplo é interessante porque é assim que deveria ser um feedback: você se retroalimenta de algumas ideias para que entre não na temperatura ideal mas no comportamento ideal. Mas qual seria este comportamento ideal? Simples! Um que te faça ser mais feliz, ter mais sucesso, que faça você caminhar de forma mais prospera.

Divagações feitas, vamos falar um pouco mais sobre outro ponto: por que é tão difícil recebermos ou darmos feedback? Note que não é uma tarefa muito fácil você chegar para uma pessoa e dizer: “Olha, eu queria te falar o que eu não gostei sobre o seu trabalho, sobre sua palestra, seu relatório…”. Não é mesmo uma tarefa muito gostosa de se fazer; normalmente, ela requer nervos. Além disso, imagino que a gente sofra tanto para dar um feedback porque geralmente não queremos receber.

A arte de DAR feedbacks está muito ligada com a arte de RECEBER feedbacks. No momento em que você aprende a receber o feedback de um outro, você começa a entender a importância disso, começa a se beneficiar dessa maravilhosa ferramenta e passa a dar feedback de forma mais tranquila.

Vejamos agora dois tipos de feedback: o que a gente recebe em papel e aquele dado ao vivo, no tête-à-tête. O primeiro caso (no papel), em minha opinião, é o mais fácil de recebermos. Primeiro, porque não há possibilidade de você dialogar com um papel e o dialogo, no feedback, não é muito interessante. Quando você dialoga, quando retruca o que te disseram, está “amaciando” a crítica e isso não é o desejável posto que essa maciez faz com que o feedback perca sua força.

Por essa razão, sempre digo aos meus alunos: quando receberem um feedback em papel, leiam-no pelo menos duas vezes. Na primeira, o objetivo é balançar, chacoalhar emocionalmente, porque você vai ficar meio bravo com o que estiver escrito, não vai concordar com um monte de coisas, vai falar que tudo aquilo é um absurdo, negar, enfim! Só que, depois de um tempo, ao ler novamente, você fará isso com mais racionalização, de uma forma mais consciente, pois não será mais pego de surpresa, ou seja, a parte emotiva não estará mais tão forte. Assim, você poderá ler melhor as críticas e até se perguntar: “será que isso faz sentido?”; “será que pode melhorar o meu trabalho?”; “será que não é fácil fazer isso para agradar outras pessoas e aumentar o meu raio de mudanças?”.

Agora, sobre o feedback presencial, qual será a melhor forma de dar e de receber? Uma vez aprendi um método (existem vários métodos para darmos feedbacks) conhecido popularmente como método do sanduíche, onde primeiro você dá um feedback tranquilo, depois um mais pesado e, por fim, outro tranquilo.

Costumo utilizar o termo tranquilo porque não gosto da expressão “feedback positivo”, pois é como se o positivo fosse somente a parte legal, gostosa e importante, deixando como  negativo o feedback que só “descasca”. Para mim, todos são positivos. Mesmo quando alguém chega até você para só descascar, falar um monte… por mais doloroso e sem fundamento que possa parecer inicialmente, até essa pessoa parou alguns minutos de sua vida para falar com você, falar do seu trabalho. Por isso, eu falo que todo feedback é um ato de amor, porque, no mínimo, aquela pessoa parou para analisar o seu trabalho. Sejamos inteligentes e aprendamos com todo tipo de feedback.

Voltando ao método sanduíche… eu odeio este tipo de feedbacks! A minha percepção é a de que, ao colocar um positivo no final, você amacia a crítica. Então, o que fazer? Tenho uma estratégia bem interessante. Primeiro você fala tudo o que é bom! Dê o tal do positivo: “isso eu gostei bastante, você é muito bom nisso, senti muita calma e confiança quando você fez tal coisa, seu relatório é perfeito, você usa lindas cores” etc. Em seguida, diga o que não te agradou, explicando os motivos, descrevendo tudo o que não gostou e, neste momento, só VOCÊ fala. A pessoa que está recebendo não pode retrucar. Aliás, antes mesmo de iniciar, você já avisa: “olha, eu vou te falar TUDO e eu queria que você me ouvisse; só ao final eu quero que você me diga o que acha.”

Aproveite para colocar todos os pontos de que não gostou, deixando clara sua visão e pergunte se a pessoa anotou. É legal a pessoa ir anotando enquanto você vai falando para depois ela poder rebater as críticas. Em seguida, é a vez da pessoa que recebeu o feedback falar, comentando se concordo ou não com suas colocações, por quais motivos, explicar o que pretendia fazer nos momentos pontuados por você e é importante que a deixe fazer isso. A gente fala que ela está esvaziando o copinho. Após esvaziar todo o copo, a palavra volta para você, onde será encerrado o diálogo. Sua fala final deve considerar se concordou ou não com a ponderação feita, o que continua achando falho (e bata sempre no martelo quando algo não estiver sendo bem feito) e fim! Não tem mais conversinha, não tem o que retrucar, não tem mais nada. A pessoa que está recebendo esse feedback precisa ir para casa (ou outro lugar) com suas últimas palavras porque este será o momento de amadurecimento, de pensar de fato na coisa.

Voltando à nossa estrutura: primeiro, dê todo o feedback positivo; depois, dê todo o feedback destacando o que você não gostou; em seguida, a pessoa que está recebendo fala tudo o que quiser falar sobre aquilo e você deixa ela esvaziar o copinho, sem retrucar. Ao final, você termina fazendo um fechamento, pontuando o que deve ser melhorado e fim de reunião. Cada um vai para sua casa e as coisas vão começar a acontecer na cabeça da pessoa que recebeu o feedback. Ela vai começar a interiorizar as críticas, analisar-se, perguntar e questionar o que fez etc. Essa é uma estrutura de feedback que eu gosto bastante, pois funciona. Quando você puder usar essa estrutura, use-a; mas quando alguém for dar feedbacks a você, nem sempre a utilizará. Portanto, seja inteligente: não retruque, não diga nada, simplesmente ouça! Vá para casa, deixe isso amadurecer dentro de você, deixe a ideia assentar e depois você volta dizendo o que gostou, o que não gostou e o que pode melhorar.

Lembre-se da frase: todo feedback é um ato de amor. Seja inteligente, use os feedbacks que vida te dá e aqueles com que as pessoas te presenteiam.

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SOBRE
RAFAEL BALTRESCA

Professor e palestrante desde 1999. Formado em Engenharia Eletrônica, iniciou sua carreira dando aulas de cálculo numérico e lógica de programação em escolas especializadas em reforço ao universitário.

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