Ser artista é lindo. As pessoas te aclamam nas redes sociais, seu conteúdo é compartilhado. Eles têm orgulho em dizer “nosso primo é ator”, “meu irmão é músico, mímico” ou qualquer outra profissão baseada em arte.
Bom, isso acontece hoje. Época em que as redes sociais precisam de novidades espetaculares e conteúdo que foge do convencional. Quando comecei, não era bem assim; pelo menos no círculo social em que vivia.
Meu pai era marceneiro; minha mãe, dona de casa. E eu nunca tive algum indício de que eles queriam que o filho vivesse de mágica. Não, muito pelo contrário. Minha mãe sonhava que fosse dentista; já meu pai me via como engenheiro. Acabei seguindo esta estrada. Formei-me em Engenharia Eletrônica, trabalhei na indústria, migrei para a área de programação e sistemas, mas, a carreira de ilusionista sempre pulsava mais forte em meu peito.
Comecei a fazer mágica aos 21 anos e sofri bons preconceitos em casa e no ambiente corporativo, quando me apresentava como palestrante mágico. Tive que deixar muito claro que o conteúdo estava lá e não apenas a diversão. Por muitas vezes, senti-me realmente constrangido.
Demorou para entender que o constrangimento era mais meu do que dos outros. Meu mindset estava contaminado. Talvez, por ter ouvido coisas erradas de pessoas erradas em lugares errados, fui minando minha mente e acreditando que aquilo não era legal.
Hoje, dia 31 de janeiro, é dia do mágico. E depois de 19 anos, sinto-me orgulhoso e falo de boca cheia e sem nenhum tipo de preconceito desta incrível arte de encantar.
E quando olho para trás para ligar os pontos da vida, entendo que se não tivesse semeado o caminho da arte, os frutos de hoje não estariam sendo colhidos.
Minha desinibição ao falar com multidões vem de lá; a facilidade de estar em um programa Ao Vivo, também. Minha organização teve de ser lapidada no preparo dos shows, sem falar do empreendedorismo, finanças e vários outros assuntos que aprendi do zero quando era um mágico EUpreendedor.
Gratidão a todos, mesmo aqueles que não me apoiavam. Eles não sabiam, mas eu não precisava de palavras. Eram os aplausos e os sorrisos de canto de boca que me serviam de motivação para nunca parar.