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BalCast #16 – Redescobrir

Tempo de leitura: 10min

“O olhar criativo é o único capaz de renovar o cotidiano.”

Quem diz isso é Patricia Pantaleão, a Patty, minha mulher. Nós moramos juntos há quase 6 anos e ela adora criatividade, adora falar sobre inovação, sobre pensamentos fora do padrão… E ela sempre fala assim pra mim: “O olhar criativo é o único capaz de renovar o cotidiano”.

Eu acho muito legal a gente pensar em um olhar para renovar, como uma forma de ver e não esperar para que algo aconteça, ou então que o futuro venha… não! Você pode mudar o seu olhar para que as coisas aconteçam.

Isso tem tudo a ver com a publicação de hoje, onde contarei sobre algo muito doido que aconteceu comigo há mais ou menos uma semana. Tem um canal no YouTube, o 10 second songs, de um cara chamado Anthony Vincent, que faz uma coisa muito legal: o Anthony pega músicas hiper conhecidas e coloca as pessoas mais improváveis para cantá-las, por exemplo, uma música dos Beatles… imagine Hey Jude cantada pelo Metallica, Frank Sinatra, Justin Bieber e Michael Jackson. Ele coloca, então, todos estes para cantarem aquela música dos Beatles e é muito legal porque a cada 10 segundos, muda o cantor. O próprio Anthony é quem faz as vozes, as imitações.

Um dia desses, estava vendo um vídeo neste canal, que se chama A Journey Through Rock ‘N’ Roll, onde o Anthony faz uma jornada, como o próprio nome já diz, através do rock. Então, durante 5 ou 6 minutos, ele toca e canta junto com outros dois cantores mais de 60 músicas… São 65 rock’n roll musics!!

Estava eu assistindo ao vídeo, que é muito legal, um vídeo super bem produzido, quando do nada aparece esta música aqui:  Don’t Eat The Yellow Snow. Fui atrás dela (o Anthony tinha até colocado o nome na descrição), e descobri que era de um cara chamado Frank Zappa, de quem eu nunca tinha ouvido falar na minha vida. Pensei “quem é essa cara? Será que ele é da nova geração do rock?”

Senti-me um ignorante! Mas um ignorante curioso… Fui lá no Google, escrevi Frank Zappa e ouvi aquela música dele, a Don’t Eat The Yellow Snow. Depois, eu descobri que ele tinha outra música chamada Bobby Brown Goes Down, a qual escutei e me apaixonei. Descobri, depois, que ele tinha outra música Catholic Girls, pela qual me apaixonei também! Ouvi mais uma e mais uma… até que eu me vi em uma situação parecendo uma criança que nunca viu na vida um brinquedo. Fiquei doido! Fiz um monte de pesquisas, procurei sobre a vida do Frank Zappa na Wikipedia, procurei mais músicas, se ele ainda era vivo ou se tinha morrido, se tinha filhos, descobri que o filho também era cantor… Eu estava mergulhado em um oceano chamado Frank Zappa e simplesmente extasiado. Como que o mundo não conhece este cara? Como que eu não conhecia este cara?

Fui direto falar para meus amigos sobre ele, mandei mensagens de texto para todo mundo, contei para minha mulher, mostrei a música, fui no Facebook e já coloquei um post do Frank Zappa também… Estava perdido e ao mesmo tempo hiper feliz por ter conhecido um cantor novo!! Para mim, era um cara que eu nunca tinha visto na vida.

Engraçado porque eu tive duas respostas bem interessantes de dois amigos roqueiros meus sobre este meu momento de euforia. Um deles, o Diego Zubrycky, escreveu assim: “Cara, eu sei como você se sente. Me senti exatamente assim quando ouvi o Astor Piazzolla pela primeira vez…”

Como? Astor Piazzolla? Quem é esse cara? Já dei um Google nele e descobri que é um sanfoneiro. Mas o Diego, meu amigo, é roqueiraço! Ele curte um rock’n roll pesado, só que o Diego é inteligente por ser eclético. Conheço este cara e sei que ele vai buscar lá no sanfoneiro uma ideia para a banda dele de rock.

Caramba, hein? Quanto do mundo eu estou perdendo? A reflexão foi exatamente essa: quantas coisas acontecendo e eu aqui babando, aqui perdido?

O outro amigo que me respondeu foi o Ricardo Massuia, roqueiro também, para quem mandei a seguinte mensagem de texto: “Massuia, como que você nunca me falou do Frank Zappa?” A reposta dele foi exatamente essa: “Ôxi.. Foi você quem não ouviu. O que mais você perdeu? Franz Ferdinand? Dandy Warhols? Starsailor?”

Olha de novo o “foi você quem não ouviu”…

Eu tive uma banda de rock com o Ricardo, a gente se conhece há mais de uma década, talvez duas décadas, e eu percebi que o tempo todo o Frank estava nas rádios, o tempo todo os meus amigos ouviam Frank Zappa e eu… estava babando.

Bom, este artigo não é exatamente sobre o Frank Zappa, não é sobre rock’n roll, nem sobre o sanfoneiro. É sobre redescobrir… sobre recriar algo que está à nossa frente, estar presente e sentir, analisar, questionar e conhecer o novo. Quantas coisas, hein?

Se você parar para analisar, quantas coisas estão acontecendo ao seu redor neste exato momento lá no Japão, nos EUA, ou então na sua casa, no seu bairro, ao seu lado com o seu irmão ou sua mãe? Quantas coisas diferentes não estão se passando pelo mundo, sendo descobertas e redescobertas neste exato instante? Se você reclama do seu trabalho, do seu dia-a-dia, do seu chefe, da família, do governo, você está reclamando de um monte de coisas, mas talvez sem se tocar de que você tem a possibilidade de parar com isso de que reclama, parar de fazer algo que te faz mal e migrar para algo completamente novo. Já pensou nisso?

Quando eu estava fazendo Engenharia, tinha um amigo com quem no último ano de faculdade fui viajar para curtirmos uma semana em Fortaleza. Mas este meu amigo se apaixonou tanto por Fortaleza, pelas pessoas, pelo lugar que falou: “Eu nunca mais volto para São Paulo.” De fato, ele veio para São Paulo depois da viagem, concluiu a faculdade, trancou, jogou fora o diploma e foi virar um agente de turismo em Fortaleza. Simplesmente, havia um mundo que estava acontecendo e que ele ainda não tinha visto.

Tem muita gente surfando nessa onda do novo e aprendendo a redescobrir o que está aqui. Mas tem muita gente também só caçando Pokémon. E como tem! Como você sabe, onde tem Pokémon, não tem nada de muito novo para se descobrir. Bom, talvez um novo Pokémon, mas nada mais do que isso.

Há muito tempo, eu fazia nas empresas uma dinâmica bem legal: reunia um grupo de pessoas (30, 40, 50 ou 100 pessoas) e dizia “pessoal, vocês têm 10 minutos para descobrirem algo completamente novo, uma coisa que nunca viram na vida de vocês, algo que simplesmente desconheciam. E se for importante para suas vidas, me
lhor ainda. Mas a dinâmica mesmo é simplesmente descobrirem algo novo. Como? Sei lá! Do jeito que vocês quiserem. Usem a internet, computador, usem seus celulares, liguem para um amigo, falem com quem quiserem. Mas daqui 10 minutos, eu quero que tragam algo novo, que nunca viram na vida.”

Nessas dinâmicas, sempre tinham 3 tipos de pessoas:

  • o primeiro tipo era daquela pessoa que fala assim: “Olha, eu descobri aqui com ela como fazer um bolo de laranja.” Eu colocava a mão na cabeça e falava: “Você não entendeu, não é para descobrir uma receita nova, não é isso… Você já tinha ouvido falar em bolo de laranja antes? Então, você não descobriu nada de novo! Eu não quero receitas, quero que você ache algo que nunca tenha visto na sua vida.” A pessoa ainda responde “É… mas eu não sabia fazer bolo.” Cara, mas você sabia que existia!!! Descubra algo que você nunca viu em sua vida.
  • O outro tipo de pessoas que eu tinha lá nessas dinâmicas era das que cruzavam os braços e não faziam nada. Depois eu perguntava “E aí, você não vai fazer?” Mas respondiam “Eu não, não acho que isso vai agregar.” Como não vai agregar?? Você vai descobrir uma coisa nova, ampliar seus horizontes, seu dicionário interno vai ampliar, sua vivência!
  • O terceiro tipo era das pessoas que falavam: “Meu, olha o que eu descobri!! Ele é piloto de jet bubble e eu nunca tinha ouvido falar disso na minha vida! Ele tem uma coisa muito legal que é isso, é aquilo e eu descobri uma coisa nova na minha vida também…” Era nítido! Você olhava na cara das pessoas e via quem tinha descoberto algo diferente.

Talvez este seja o desafio, este seja o aprendizado. Mas não um desafio para a empresa, para esta dinâmica, mas um desafio de vida que é meu, é seu… o desafio de se forçar a redescobrir, a se interessar por tudo, a viver sem perder as coisas da vida, a viver sem deixar as coisas passarem.

Tudo bem se você disser “eu não gosto do Frank Zappa, não gosto deste tipo de música.” Tudo bem, porque antes você não gostar de algo novo, do que simplesmente não ter descoberto este algo novo. Talvez, tenha alguma coisa nova por aí ou muito antiga que pra você vai ser novidade, estará fervendo ainda e você vai se deliciar com isso, como eu me deliciei com o Frank Zappa.

De repente, você pode se apaixonar pelo Franz Ferdinand, pelo Dandy Warhols, Starsailor, Astor Piazzola, ou então por um que eu adoro, um espanhol chamado Joaquin Sabina… O quê? Você não sabe quem é Joaquin Sabina? Então coloque aí no Google… e fique bravo! Fique puto da vida com você mesmo… por ter vivido tanto tempo sem conhecê-lo.

 

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SOBRE
RAFAEL BALTRESCA

Professor e palestrante desde 1999. Formado em Engenharia Eletrônica, iniciou sua carreira dando aulas de cálculo numérico e lógica de programação em escolas especializadas em reforço ao universitário.

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