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BalCast #31 – Meditação – Parte 2

Tempo de leitura: 8min

Na semana passada, você conferiu a primeira parte da entrevista que realizei com o meu grande amigo Rafa Kraisch: hipnotista, terapeuta e faixa preta em karatê. Bom, se você não viu ou se quiser rever essa publicação,é só clicar aqui.

Abaixo, está mais um trechinho do nosso bate-papo que você poderá conferir na íntegra clicando no player acima.

RB: Rafa, é fascinante esse assunto da meditação e hoje eu vou cavar mais que ‘não é hipnose’ do que o que é.  Pra fazer um link, o que na meditação é hipnose, o que na hipnose pe meditação, relaxamento.

RK: Primeiro: hipnose e meditação são diferentes? Onde está essa ruptura ou essa junção? Eu falo com um pouco de propriedade porque eu meditei por muito tempo. Então o estado que nós chamamos de meditação, é o mesmo estado que nós chamamos de transe. É o mesmo estado de euforia, felicidade, relaxamento. Sabe quando você faz uma brincadeira na rua para a pessoa perder a voz? É o mesmo estado que a pessoa sente depois de meia hora sentado.

RB: Então eu consigo induzir à meditação uma pessoa que não medita?

RK: Sim, porque o estado mental é o mesmo. Enquanto estamos aqui sentados e você parar por dez segundos pode perceber que tem um monte de pensamentos, só que não percebemos por que o barulho de fora é o maior do que o de dentro. Por isso as pessoas não conseguem meditar.

A pessoa diz: “a Rafael, eu sento e a minha mente começa a trabalhar”. Não!

Eu gosto muito do exemplo da lei da inércia. Você está andando a 60/h e você freia, você não fica parado, você vai em frente. Com a meditação é a mesma coisa, a gente para mas a mente  continua no ritmo do seu dia. Então o problema da meditação é que as pessoas acham que é parar de pensar. Quando você medita você pensa o pensamento. Na hora que você senta para meditar existem duas abordagens mais comuns. A primeira é que você é um testemunho, então você está lá de olhos fechados e vem a mente: “o que eu vou comer hoje a noite?”. A tendência é brigar com esse pensamento para que ele pare – não eu estou meditando, não posso pensar – mas ai você já gerou outro pensamento. O segredo é simplesmente “ver” o pensamento, somente observar. Esse é o ato de ser um testemunha.

Por exemplo: esse aqui é o meu celular. Mas por quê eu digo que ele é meu?

Eu digo isso porquê ele é diferente de mim, ele não sou eu. Eu digo ‘a mesa’, porque eu sei que eu sou diferente dela. Eu digo ‘meu corpo’, porque lá dentro eu sei que este corpo não sou eu. Quem sou eu? Quando você diz ‘o meu pensamento’, quem está pensando? Quem é o eu que percebe o pensamento? Não é o próprio pensamento. Esse em tese seria o objetivo da meditação, perceber quem é esse eu. Então por isso tentar controlar o pensamento é inútil, porque seria um pensamento tentando controlar outro. E isso ficou claro quando eu entendi a hipnose. Quem estuda a psicanálise entende que por trás de um pensamento existe o inconsciente, que em tese seria esse eu que percebe o pensamento. Quem é o eu?

Esse eu seria o que percebe o pensamento mas sem estar mesclado com ele. Tem um eu que percebe os papeis mudando. Por exemplo: eu não vou me comportar na frente da câmera como eu me comporto com a minha esposa. Isso é algo que o meu subconsciente percebe e muda os papéis.

A loucura da humanidade hoje é as pessoas acharem que elas são o que elas estão pensando.

RB: Então não somos o que pensamos. Tem algo ainda atrás que segura esses pensamentos. Então o autoconhecimento seria a busca por esse ‘eu’.

RK: Isso. O autoconhecimento é perceber quem é o eu que está por trás das máscaras.

RB: Quem chega nesse momento?

RK: Na terminologia oriental, o cara que entende isso é o guru, o mestre… porque ele percebeu que não é o pensamento.

RB: Porque Rafa, saindo da loucura… para mim isso é uma viagem. Então assim, chegando mais perto da realidade. Por exemplo: eu sofro muito de brigar com a minha esposa ou com alguém e ficar com aquela situação ruim, sentindo algo ruim. Seria certo dizer que a pessoa que briga não sou eu, é um pensamento.

RK: Mesmo que a discussão acabou você ainda está na inércia. O pensamento está rodando. O eu que percebe o pensamento usa esse pensamento para trazer à tona algo. Digamos que você brigou com a sua esposa. A sua reação vai ser diferente da reação se eu brigasse com você. Porque relação emocional que você tem com ela não é a mesma que você tem comigo. E quem acha isso é esse eu que está ai dentro. Para ele falar para você que você mexeu nele, ele usa o pensamento. Por exemplo: ele detectaria que as palavras da briga foram as mesmas. Mas para distinguir as emoções relacionadas a cada pessoa, ele usa esse eu profundo.

RB: Na prática, como uma pessoa que está ouvindo a gente poderia entender e fazer?

RK: É difícil mas é simples. Difícil porque tem que ter o hábito, mas é simples quando você está entendendo. Exemplo: Rafael falou que meu blazer cinza é feio. Ai eu paro e penso: “o que está doendo aqui?”

Será que está doendo porque o Rafael me disse isso ou será que isso tem a ver com aquela vez que a minha mãe me falou alguma coisa? E aqui eu já começo a distanciar o pensamento do eu. Não é o que eu ouvi que me magoou e sim a emoção que estava guardada da minha mãe e que veio agora. Como eu distancio o pensamento? Eu tenho que parar e perceber onde está doendo agora. Quando eu olho para a dor, qual a imagem que vem? Então eu paro para ver de onde vem a dor que eu associo com algo aqui fora.          

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SOBRE
RAFAEL BALTRESCA

Professor e palestrante desde 1999. Formado em Engenharia Eletrônica, iniciou sua carreira dando aulas de cálculo numérico e lógica de programação em escolas especializadas em reforço ao universitário.

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