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BalCast #14 – Estresse

Tempo de leitura: 9min


“Em tempos de estresse, a melhor coisa que podemos fazer por nós mesmos é ouvir com nossos ouvidos e corações, e ter certeza de que nossas perguntas são tão importantes quanto nossas respostas”
– Fred Mister Rogers.

Há mais ou menos duas semanas, eu tinha acabado de fazer uma palestra e veio uma moça conversar comigo:

     _Rafael, eu estou esgotada! Eu fico estressada no trabalho, fico estressada antes e depois do trabalho, acumulo funções, eu faço o que não deveria fazer… As pessoas que trabalham comigo notam que eu estou estressada, meus filhos notam que eu estou estressada… Eu não aguento mais e não sei o que faço, eu não tenho uma luz. Queria que você me ajudasse… Tem alguma hipnose que você possa fazer para meu estresse ir embora?

     _Tem, você já foi ao médico?

     _Já e o meu médico disse para eu parar com tudo por pelo menos um mês!

     _Olha tem uma hipnose que não é bem uma hipnose… É uma ação: parar!

     _Mas eu não posso parar, eu tenho que trabalhar!

     _Ou você para ou seu corpo te para. Você vai ter que decidir… Tem um jeito mais tranquilo que é você parar um pouco.

     _Como assim?

O que eu expliquei a ela é que não há como você curar estresse através de hipnose, de uma formula mágica, de um comprimido. A única forma de ela dar um basta neste estresse é fazendo cortes. Primeiro, tem que haver um corte duro e inicial. Estresse é acúmulo de funções e ponto. Não tem nada milagroso que vá tirar isso de você se você não desacumular, não limpar um pouco o que você faz.

A dica que eu dei a ela e que trago hoje aqui foi esta do corte duro e inicial:

  • Defina um tempo para você começar a trabalhar: você trabalha às 9h ou às 8h? Não importa! Antes disto, deste horário, não ligue o seu celular, nem abra e-mail. Simplesmente chegue para o seu chefe e diga que acabou de voltar do médico e qie ele disse que está entrando em um nível grave de estresse, que precisa definir horários. Se não fizer isso, talvez daqui dois meses fique de cama. Eu tenho certeza de que seu chefe não vai querer isso de você. Então, se seu expediente inicia às 9h, somente às 9h em ponto você começa a ligar o seu celular, conferir o WhatsApp da empresa… Faça chuva ou faça sol! Se for algo urgente, que precise de você de qualquer jeito, as pessoas irão te encontrar. Elas vão te ligar ou darão outro jeito.
  • Tempo de almoço: almoço é almoço! Se você tem uma hora de almoço, então faça essa uma hora; se costuma ir comer ao meio-dia, vá ao meio-dia e coloque um despertador! Tocou, você para e vai almoçar. Eu sei que isso não é fácil, que quando estamos no turbilhão é difícil de colocar em prática, mas estamos brincando e jogando com nossa saúde. Por isso, ou a gente dá cortes bruscos ou então o estresse mata a gente.
  • Termine no horário de terminar: se o seu expediente encerra às 18h ou às 19h, quando der o horário você larga a caneta. Eu sei que pode parecer um pouco desleixado, pode passar a impressão de não estar nem aí pra coisa e, realmente, muitas empresas querem que a gente vista a camisa, mas é preciso cuidado. Ficar 5 minutos depois do horário, 10 minutos a mais, é uma coisa. Ficar 1h30 depois e levar trabalho para casa é outra coisa!

Para a moça do início da história, eu já falei na lata: “Amiga, pare! Corte duro e inicial: tempo para começar, tempo para almoçar e tempo para terminar. Só para começarmos as mudanças…”

Lembrei também uma coisa que um amigo meu dizia… Ele tinha uma empresa na época e a gente estava falando sobre hora extra. Ele falou assim:

     _Eu não deixo ninguém fazer hora extra na minha empresa. Se eu vejo que as pessoas estão começando a fazer hora extra, eu chego e faço a seguinte pergunta: “Amigo, o que está acontecendo? Ou é serviço demais, ou incompetência sua por não conseguir fazer o que você deve fazer. Qual dos dois é, hein? Porque se for serviço demais, a gente vai precisar contratar outra pessoa, vou precisar colocar você em menos projetos, vou ter que passar projetos para outra pessoa… Agora, se é incompetência sua, a gente vai ter que trabalhar nisso, seja você passando a se regrar mais, aprendendo a controlar melhor seu tempo, ou de repente você aprende a se organizar, sei lá. Qual é?”

Para a moça, eu falei o contrário disso, pois ela não é a chefe. Então, ela precisará chegar até essa pessoa, o chefe dela, e dizer: “Eu não estou dando conta. Eu sei que quando a gente não está dando conta ou nós somos incompetentes, porque não estamos fazendo bem feito, ou é muito serviço.” Então, você terá que dizer a ele também que não incompetente, que, como ele pode ver, você faz tudo dentro do prazo, com maestria, faz como é pedido, mas, mesmo assim, é muito serviço, é coisa demais e vai ter que parar alguma delas. E você ainda pode se basear sempre pelo médico, né? “Olha, o meu médico pediu pra mim, para eu parar tudo e estou tentando um meio termo. E aí?”

Caso o seu chefe diga que não ou te mande embora, fale alguma besteira, meu amigo, minha amiga… Dica de quem trabalha com pessoas: procure outro emprego, procure outro trabalho porque já dá para ver que essa empresa não te valoriza como ser humano, mas apenas como um profissional e não está nem aí para a sua saúde. Se você está recebendo respostas assim, fuja desta empresa.

Terminando de falar com a moça, eu lembrei-a de uma coisa chamada “Síndrome de Burnout”, que muita gente desconhece e que, se ela vacilar, vai desencadear. A moça me perguntou o que era isso e expliquei mais ou menos para ela… A definição correta é a seguinte: “Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso”. Herbert Freudenberger fala ainda em “(…) um estado de esgotamento físico e mental cuja causa está intimamente ligada à vida profissional”.

Então, a síndrome de burnout é isso: você se esgotar completamente, tombar e tchau. Desliga e fim! Vai parar na cama.

Não sei se você sabe, mas o Brasil é o segundo país com maior nível de estresse do mundo. 30% da população sofrem de esgotamento mental intenso causado por pressões no trabalho. Então, acho que o grande problema do estresse é que a gente não nota que está entrando nele; a gente vai tocando a vida, achando que vai dar conta, que tudo tem que ser feito pra ontem, que não podemos simplesmente deixar aquilo quieto… E a gente só vai dar conta mesmo quando a coisa realmente acontecer, ou, como dizemos por aqui, quando a cobra fumar, quando você se esgotar, for pra cama e ficar doente. Aí, meu amigo, não tem mais jeito. Os prejuízos são muito maiores do que se você tivesse feito alguns ajustes antes.

Para você ficar atento e saber mais sobre a Síndrome de Burnout, existem alguns sintomas físicos que normalmente acompanham o quadro: dores de cabeça, distúrbios do sono, dores musculares sem nenhuma causa aparente, problemas gastrointestinais, consumo de álcool ou drogas em excesso, pressão arterial elevada e alterações da libido. Normalmente, emocionalmente a pessoa se se
nte esgotada, com uma falta de sensibilidade, aquele sentimento de incapacidade, descompromisso, falta de emoções, depressão por desilusão, perda de ideais, dentre outros. Se você se viu com dois, três ou quatro destes sintomas, fique esperto porque você pode estar entrando nessa Síndrome de Burnout.

Quando eu terminei de conversar com a moça da nossa história, expliquei tudo isso sobre a síndrome, falei dos horários, para ela conversar com o chefe e ouvi a seguinte resposta: “Eu só me preocupo um pouco com as pessoas que eu ajudo. Não sei se elas vão ficar tristes, decepcionadas comigo… Eu tenho medo de não conseguir agradar a todos, então eu me preocupo um pouco com elas.” Bom, eu olhei para ela e falei: “Legal a sua preocupação com elas… E com você?  Você se preocupa?”

Já dizia Sócrates: “O mais rico é aquele que se contenta com o mínimo, porque a riqueza da natureza é suficiente.

Viva tranquilo, viva light, sem estresse!!

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SOBRE
RAFAEL BALTRESCA

Professor e palestrante desde 1999. Formado em Engenharia Eletrônica, iniciou sua carreira dando aulas de cálculo numérico e lógica de programação em escolas especializadas em reforço ao universitário.

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