Entrevista a Rafael Baltresca
Sem dúvidas. Os grandes fatores da compra por impulso são as necessidades ilusórias causadas pela mídia. Publicitários são experts em associar marcas com sentimentos. Note como é comum frases como “beba felicidade”, “tão gostoso como um abraço” e tantas outras levando o consumidor a comprar na expectativa de sentir-se bem. Seguindo este raciocínio, quanto mais aumentam os canais midiáticos, mais frequente é a enxurrada da compra compulsiva. Outro fator é a facilidade da compra. “Crédito”, “débito”, “à vista com desconto”, “em 10 vezes” aniquilam a objeção de “não tenho dinheiro”, unindo o desejo de comprar com a possibilidade de compra. Bingo!
– O consumo virou uma forma de satisfação de necessidades psicológicas?
Sim. Peguemos um exemplo simples: ninguém tem a necessidade real de coca-cola ou suco de caixinha, mas de água. É disto que o corpo precisa. Tudo que for diferente vem carregado de desejos inconscientes que podem significar aprovação social, realização, carinho, poder etc. Muitas vezes o que faz alguém pagar 5 vezes mais por uma garrafa d’água nem sempre é a qualidade do produto, mas sim a percepção do mesmo. E isto vale para qualquer produto. Afinal, o que leva uma pessoa comprar um carro com um motor super potente em uma cidade repleta de engarrafamentos e radares? Talvez contar para os amigos sobre o carro é mais importante que o carro por si só.
– O que se pode fazer para ter um controle maior desses impulsos?
O tempo, sem dúvida alguma, é a melhor opção para livrar-nos da compra impulsiva. Ir para a casa, procurar mais sobre o produto na internet, conversar com amigos sobre o preço e a utilidade abaixam o nível emocional e faz o racional entrar em ação. Se, após alguns dias, você ainda achar necessária a compra, é sinal verde para o possível “não arrependimento“. Infelizmente há momentos em que não há tempo para pensar, como, por exemplo, no último dia de uma viagem. Em casos como este, tudo que podemos fazer é calcular o risco e assumir o prejuízo em caso de arrependimento.
Lembre-se: na próxima vez que você vir uma “promoção relâmpago”, cuidado! Pode ser uma armadilha para você não pensar e agir por impulso. Boas compras!